Edição do dia 30/08/2011
30/08/2011 13h17 - Atualizado em 30/08/2011 14h53
Escolha da carreira estressa mais os estudantes do que o vestibular
Pesquisadoras da Unicamp constataram, em laboratório, altos níveis de hormônio do estresse em estudantes na fase pré-vestibular.
“Eu me cobro muito, e o ano passado eu não passei, então o estresse dobra”, declara Aline de Andrade Lourenço, estudante.
Por isso, pesquisadoras da Unicamp, avaliaram em laboratório os níveis de hormônio do estresse em estudantes na fase pré-vestibular e constataram: “Identificamos que num primeiro momento, a população apresenta um índice de estresse nos meses em que ele decide a carreira a prestar ou decide a universidade que vai prestar, que é esse mês de setembro”, afirma Dora Maria Grassi Kassisse, pesquisadora - Unicamp.
No momento da decisão, o cérebro libera adrenalina e aumenta o nível de cortisol: hormônio que desencadeia o estresse. Os primeiros sinais de que algo está errado aparecem no humor e na capacidade de atenção do estudante.
“Ele pode ter o efeito do branco, ou quando ele identifica uma nota, que ele estava esperando um oito e meio, e tira sete, ele fica extremamente irritado com isso e pode chorar por 24 horas seguidas”, exemplifica a pesquisadora.
A pesquisa comprova que uma boa massagem pode amenizar o problema. As sessões devem começar em setembro e seguir no mínimo duas vezes por semana até o vestibular.
Para ter o resultado, é importante que o relaxamento envolva o corpo inteiro. “Os alunos tratados tiveram uma queda do índice de cortisol, mas eles mantiveram o estado de alerta e na hora da prova eles conseguiram ter o controle dessa ansiedade. Os alunos não tratados tiveram os índices de cortisol muito alto no dia da prova”, afirma a pesquisadora.
Além de reduzir o hormônio do estresse, as pesquisadoras constataram que a massagem interferiu também na memória e na capacidade de aprendizagem dos estudantes. No dia da prova, os voluntários que fizeram a terapia tiveram um índice de aprovação bem maior do que os outros.
Maria Cecília lembra bem das dificuldades que enfrentou antes do tratamento.
“A mão suava, eu não conseguia pegar o lápis, me sentia bem tensa e a perda de concentração que atrapalha bastante”, conta Maria Cecília Penteado, estudante biologia. Depois das massagens, ela fala com orgulho o resultado: “Eu faço biologia na Unicamp”.
A fisioterapeuta e pesquisadora, Heloísa Ferreira, explica outros detalhes da pesquisa:
Certo nível de estresse é benéfico ao desempenho e à sobrevivência, mas a constante ou inadequada resposta de estresse pode trazer sérios riscos à saúde e prejudicar o desempenho.
Estudos com vestibulandos justificam-se pela alta concentração de cortisol encontrada em amostras de saliva coletadas nos meses em que são feitas as inscrições e nos dias dos exames vestibulares.
Este trabalho propõe não somente avaliar os índices de estresse, mas também uma alternativa de abordagem terapêutica não medicamentosa para reduzir os índices de estresse no período que antecede o vestibular e, com isso, melhorar o desempenho nas provas.
Em um primeiro estudo, o índice de estresse percebido foi avaliado em estudantes matriculados em um curso pré-vestibular, nos meses de março, setembro e novembro utilizando-se o Questionário de Estresse em Adolescentes (QEA). Os escores obtidos no QEA foram mais baixos em março do que em setembro e novembro, maior nas meninas que nos meninos e ainda diferentes entre os turnos matutino, vespertino e noturno. No estudo 2 uma mostra de 32 voluntários foi submetida à terapia manual de mobilização muscular e da fáscia, em duas sessões semanais, de 40 minutos, de setembro a novembro.
Outro grupo não recebeu o tratamento. O índice de estresse percebido foi avaliado em setembro e, juntamente com a memória declarativa de curto e longo prazo, também na semana que antecedeu o exame vestibular. A concentração salivar de cortisol foi determinada em setembro e no dia do exame.
Vestibulandos tratados não apresentaram aumento da concentração salivar de cortisol momentos antes da prova, ao contrário do que ocorreu com aqueles do grupo controle; apresentaram também menor escore no QEA, melhor desempenho nos testes de memória, e maior índice de aprovação na primeira fase do vestibular.
Concluímos que a intervenção fisioterapêutica aplicada foi eficiente em reduzir o índice de estresse dos vestibulandos e resultou em melhor desempenho no exame.
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